Museu do Louvre durante a Segunda Guerra Mundial

Museu do Louvre durante a Segunda Guerra Mundial

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Museu do Louvre durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1932, com a subida dos nacionalistas ao poder na Alemanha, diretores de diversos museus da França prepararam uma lista das principais coleções públicas e privadas que deveriam serem escondidas em caso de conflito.

Em 1938, quando Hitler invadiu a Áustria e uma parte da Checoslováquia as autoridades francesas temendo uma iminente guerra e se baseando nesta lista pré-estabelecida começaram uma verdadeira operação de evacuação das obras de arte para destinos secretos.

Castelo de Chambord. Vale do Loire, França.


O ouro do Banco Francês foram enviados para cidades próximas ao litoral para uma transferência marítima em urgência para algum pais aliado.

Quanto as obras de artes foram escolhidos castelos situados perto das florestas, longe das linhas férreas que poderiam a qualquer momento serem bombardeadas pelos aliados ou inimigos.

A partir de 28 agosto de 1939, segundo um plano bem elaborado e decisivo pelo diretor dos museus nacionais, Jacques Jaujard, (1895-1967) as obras mais preciosas do Louvre começaram a serem retiradas.

Início da retirada das obras.

No dia seguinte a declaração de guerra à Alemanha, 03 de setembro de 1939, o Louvre se esvaziou radicalmente.

Empresas de mudanças e de transportes de mercadorias são requisitadas e em um só dia 37 caminhões partiram carregados de caixotes de madeira da “Cour Carrée” (pátio quadrado) do museu em grupos de cinco a oito comboios em direção aos castelos do Vale do Loire.

Ficou decidido pelos diretores que os objetos frágeis, móveis pesados, pinturas de menos valores artísticos e esculturas que estavam sendo restauradas ficassem no Louvre (como por exemplo; Diana de Versalhes) e que as renomadas com prestígios internacionais ou marcantes para a história da arte fossem levadas primeiramente para o Castelo de Chambord e depois distribuídas para outros lugares.

As viagens das obras.

Sendo assim 3.691 pinturas foram desmontadas de suas molduras e encaixotados imediatamente para uma viajem perigosa, sem escoltas ou seguranças.

No departamento de esculturas gregas algumas obras necessitavam de mais cuidados e mais dias para serem transportadas como foi o caso da “Vênus de Milo”, “Vitória de Samotrácia” e várias esculturas Gregas-Romanas, onde todas foram enviadas para o Castelo de Valençay (no Loire).

As antiguidades egípcias foram enviadas para o Castelo de Courtalan (Loire). As pinturas espanholas para o Museu Ingres, na cidade de Montauban (Tarn-et-Garonne).

Um total de 5.446 caixas foram transferidas em mais de 200 viagens. Um verdadeira guerra de esconde-esconde para salvar uma grande parte da arte da humanidade.

Invasão alemã nazista.

Paris foi invadida em 14 de junho de 1940 e o Museu do Louvre depois ter ficado fechado por mais de um ano foi aberto ao público em 1° de outubro de 1940.

Um museu diferente, silencioso, longe da agitação que era conhecido. Um museu abandonado, relaxado e extremamente vazio, aberto somente uma parte do andar térreo com obras sem interesses, réplicas de pinturas, cópias de esculturas em gesso (exemplo: Vênus de Milo).

O Louvre tinha se transformado em um museu triste e decepcionante.

A boa sintonia.

Mas assim mesmo, o diretor francês Jacques Jaujard conseguiu trabalhar em colaboração com o alemão, o conde Franz Wolff-Metternich(1893-1978), historiador de arte e conservador responsável da proteção das coleções de arte da Alemanha, nomeado por Hitler como diretor do Louvre.

Como a proteção das obras eram um objetivo e de interesse comum aos dois países, esses diretores conseguiram durante quase 2 anos trabalharem em boa harmonia.

Mas o conde Franz Wolff-Metternich foi substituído do cargo em junho de 1942 e enviado de volta para Alemanha.

Sabendo onde se encontravam as obras escondidas e como grande apaixonado pelas artes temendo que tudo fosse queimado ou roubado pelos seus superiores guardou o segredo dos verdadeiros locais que elas se encontravam.

O novo diretor sobre ordens pessoais de Hitler mandou esvaziar seis salas do departamento de antiguidades orientais e salas do museu “Jeu de Paumes, nos Jardins das Tulherias para que fossem estocadas coleções de artes pilhadas dos judeus franceses (exemplo: coleção Rothschild).

Atual Galeria de artes, “Jeu de Paume” , Jardins das Tulherias, Paris.

Protegidas militarmente até serem expedidas para Alemanha, Jacques Jaujard não conseguiu impedir estas transferências, mas seus colaboradores especialmente Rose Valland (1898-1980) fizeram clandestinamente uma listagem com os nomes dos verdadeiros proprietários das obras.

A volta ao Museu do Louvre.

O museu do Louvre recebeu de volta todas suas obras intactas e depois de restauradas foram expostas ao público a partir de 15 de abril de 1945. Em 07 de outubro de 1947 foi reinaugurado a Grande Galeria com uma nova ordem de apresentação.

Grande Galeria do Louvre, Paris.

Os heróis J. Jaujard, Rose Valland e Franz Wolff-Metternich.

Com o fim da guerra e graças a essa lista, aproximadamente 60.000 obras e objetos espoliados foram restituídos aos seus proprietários ou aos seus descentes.

O grande herói do Louvre e das Artes, o diretor Jacques Jaujard recebeu merecidamente a medalha de Honra ao Mérito da Resistência francesa por salvar um boa parte do Patrimônio da Humanidade.

Jacques Jaujard

Hoje seu nome, Jaujard encontra-se inscrito na entrada principal da Escola do Louvre.

Atual Galeria de Artes Jeu de Paume, no Jardins das Tulherias, Paris.

Rose Valland por sua ação heroica durante a guerra e depois da guerra valeu-lhe de condecorações francesa e estrangeira.

Rose Valland

Recebeu na França a Ordem Nacional da Legião de Honra, Comandante de Artes e Letras e a Medalha da Resistência Francesa.

Nos Estados Unidos lhe deram a Medalha da Liberdade, e na Alemanha proclamada Oficial da Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha.

Em 2005 foi colocada em sua homenagem uma placa de pedra, na parede lateral próximo a entrada da Galeria do Jeu de Paume.

Placa em homenagem a Rose Valland.

Em 1952, o conde Franz Wolff-Metternich foi condecorado pelo então general Charles de Gaulle (1890-1970), futuro presidente da França (de 1959-196) com a Ordem Nacional da Legião de Honra, por guardar o segredo dos destinos das obras durante a ocupação e ter contribuído assim a preservação e proteção deste Patrimônio.

Franz Wolff-Metternich

Viagens e esconderijos da Mona Lisa:

27 de setembro de 1938: Primeira viagem para o Castelo de Chambord, (Vale do Loire), voltando no mês seguinte para o Louvre.

28 de agosto de 1939: Viaja novamente para o Castelo de Chambord.

14 de novembro de 1939: Transferida para o Castelo de Louvigny (Vale do Loire).

03 de junho de 1940: 11 dias antes da ocupação nazista em Paris foi transferida para a abadia de Loc-Dieu, (Aveyron).

03 de outubro de 1940: Transferida para o Museu Ingres, a Montauban ( Tarn-et-Garonne).

03 de março de 1943: Transferida ao Castelo de Montal, (Lot).

16 de junho de 1945: Volta triunfante para o Museu do Louvre.

Gostaria de conhecer o Museu do Louvre? Clique no botão abaixo para mais informações ou no botão do Whatsapp para um contato mais dinâmico. Até breve! Tom Pavesi!

Fontes:

  • “Le Louvre pendant la guerre” – Regards photographiques 1938-1947, de Guillaume Fonkenell, Sarah GensburgerCatherine Granger, Isabelle le Masne de Chermont. (Ed. Le passage, 2009).
  • Site Museu do Louvre.
  • Illustre et inconnu. Comment Jacques Jaujard a sauvé le Louvre, documentário de Jean-Pierre Devillers et Pierre Pochart, produzido pela France 3 et le Musée du Louvre.

1 comentário


  1. Ótimos artigos sobre esse museu incrível. Parabéns e continue nos alegrando com informações tão interessantes.

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