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Gladiador Borghese também conhecido como Guerreiro Borghese, é uma estátua em marmoré branco realizada no tamanho real, entre 130 a.C e 90 a.C pelo escultor grego Agasias de Éfeso.
Descoberta em 1611 entre as ruínas de um palácio à beira-mar do imperador Nero, portuária romana Antium, localizada na atual região de Anzio, Itália.
Conservado desde o século XVIII na coleção italiana da familia Borghese, na Villa Borghese (Roma), até que em 1807, Camille Borghese (1755-1832), rico herdeiro do cardeal italiano Scipione Borghese (1577-1633) foi obrigado a vender a força a Napoleão Bonaparte (1769-1821) a estátua do Gladiador e outras obras, a um preço inferior do que elas valiam como parte de um acordo político decretado em 27 de setembro de 1807.
Camille Borghese, um dos homens mais ricos da Itália, acabou cedendo ao imperador sua coleção de 322 mármores antigos, por 8 milhões (ao invés de 13 milhões de francos que valia).
Napoleão queria pagar 5 milhões de francos por toda a coleção. Somente o Gladiador estava avaliado em 1,5 milhões de francos. Camille, não teve muita saída, pois alguns anos, em 6 novembre 1803, havia se casado com Pauline Bonaparte (1780-1825), a irmã preferida de Napoleão. Um casamento de negócios e interesses, que logo fracassou pois o casal não se gostavam, se traiam, e não deixaram filhos e nem herdeiros. Entre eles, somente rancor, ódio e desacordos.
O gladiador borghese representa, na verdade, um guerreiro em ação, reconhecido como sendo uma obra de Agasias de Éfeso, graças a sua assinatura no tronco da árvore.
Desde a sua redescoberta, há quase quatro séculos, a silhueta esbelta e dinâmica do Gladiador Borghese continuou a ocupar um lugar especial nas obras mais importantes que a Antiguidade nos legou.
Descrição:
Altura : 1,73 m ; Largura : 1,72 m ; Profundidade : 1,69 m
A estátua foi atribuída pela primeira vez a um gladiador, levando seu nome atual e de seu antigo proprietário Borghese, mas estudos posteriores revelaram que a figura provavelmente representa um guerreiro grego combatendo um inimigo montado num cavalo.
O Gladiador (ou Gerreiro), pedestal e escultura em mármore Pentélico, do Monte Pentélico (Grécia), representa um guerreiro nu, supostamente combatendo um adversário provavelmente a cavalo, que tenta dominá-lo pelo lado esquerdo.
O guerreiro se protege, levantando possivelmente um escudo (não encontrado), podemos ver no antebraço esquerdo a fixação. Com o braço direito esticado para trás, ele se prepara para desferir um golpe, possivelmente com uma espada que também nunca foi encontrada.
Entre o topo da cabeça ao pedestal, o homem mede 1,69 metros. O tronco está fortemente inclinado para frente, prolongando a linha da perna esquerda esticada para trás, a perna direita dobrada para frente carrega o peso do corpo, e é reforçada por um suporte em forma de tronco de árvore.
A extrema tensão da atitude é ainda amplificada pela ausência do escudo no braço esquerdo e pela restauração do braço direito completamente estendido. Olhando por trás descobrimos todo o jogo dos músculos das costas e dos ombros, cuja contração se encontra nos músculos glúteos, sustentando toda a força de um corpo do homem.
A mão direita restaurada segura um pedaço de espada. O herói investe com um impulso que projeta o peito para frente, num movimento de defesa e esquiva. Protegido por seu escudo, ele se prepara para responder, de espada na mão, o rosto voltado violentamente para o agressor, que certamente poderia ser um cavaleiro.
Significado e Influência:
O Gladiador Borghese é considerado uma obra-prima da arte helenística (323 a.C à 30 a.C), admirada por sua anatomia realista, expressividade e maestria técnica. A escultura influenciou profundamente artistas e escultores ao longo dos séculos, servindo como modelo de proporções e estudo anatômico.
A escultura apresenta o guerreiro nu, com exceção de um manto drapedo sobre o ombro esquerdo. A figura exibe sinais de batalha, como feridas no torso e no braço direito.
A base da estátua original foi perdida, sendo substituída por uma réplica durante uma restauração no século XVII.
Diversas cópias e reinterpretações da obra foram feitas, perpetuando seu legado e impacto na história da arte.
Gladiador Borghese:
Após a sua descoberta em Antium, a estátua foi adquirida pela família Borghese, uma poderosa família italiana. Foi então exibido em sua villa em Roma durante séculos. Em 1807, Camille Borghese por forças das circunstâncias teve que se submeter as vontades do seu cunhado Napoleão, enviando as obras para Paris. Mas o fez de forma bem lenta, algumas em 1808, outras em 1809, e leva a última em 1813, um ano antes da queda de Napoleão, em 1814. A ideia dele, era ver Napoleão cair antes de ter que enviar toda a coleção.
A obra está incompleta, pois faltam a espada e o escudo. O braço direito foi refeito. A perna direita, a panturrilha direita, quatro partes o braço esquerdo, a panturrilha esquerda e o pé e a orelha direita foram refeitos. A nádega direita foi consolidada.
Simbolismo e interpretação:
O Gladiador Borghese é considerado uma das mais belas estátuas antigas já encontradas. Sua impressionante representação de um guerreiro em ação, com seus músculos tensos e expressão determinada, fascina os espectadores há séculos.
A estátua também foi interpretada de diferentes maneiras. Para alguns é uma celebração da força e coragem militar, enquanto que para outros é uma reflexão sobre a violência e a brutalidade dos jogos de gladiadores.
Ícone de cultura popular:
O Gladiador Borghese tornou-se um ícone da cultura popular, aparecendo em inúmeros filmes, livros e obras de arte. Sua silhueta reconhecível tem sido usada para promover produtos e eventos, e até se tornou um mascote do esporte.
Além da fama popular, o Gladiador Borghese continua sendo uma obra de arte de imensa importância. Oferece-nos uma visão fascinante da escultura grega antiga e da cultura romana e continua a inspirar-nos com a sua beleza e poder.
Localização do Gladiador Broghese:
Departamento de Antiguidades Gregas, Etruscas e Romanas.
Materialu : marmore Pentélique)
Ala Denon, Galeria Daru, sala 406 (em azul), nível térreo.
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Fontes:
- Site Museu do Louvre.
- “Le Gladiateur Borghèse et sa restauration“, de Alain Pasquier et Brigitte Bourgeois, edição Louvre, Paris, 1997.