Reading time: 4 minutes
Departamento de Esculturas da França, séculos XVII e XVIII.
Altura: 2,20 m ; Largura: 2 m; Profundidade: 1,70 m.
Ala Richelieu, entressolo, pátio Purget (cours Puget), sala 105.
Em 1678, após seis anos de guerra, a paz de Nimega foi assinada entre a França e os países derrotados: Espanha, Holanda, Sacro Império Romano-Germânico e Brandeburgo (parte da Alemanha atual).
Um nobre cortesão francês, marechal da França, duque de Feuillade, François III d’Aubussone (1631-1691), teve a brilhante e dispendiosa idéia de homenagear o rei Luis XIV (1643-1710) encomendando ao escultor francês de origem holandesa, Martin Desjardins (1637-1694) uma estátua em mármore do rei em pé, para ser colocada no centro de uma futura praça a ser construída, no novo distrito que estava se desenvolvendo em Paris, próximo ao Palácio Real do Louvre.
O marechal após demolir um palacete que tinha acabado de adquirir (Hôtel de La Ferté-Senneterre) e ter comprado vários terrenos, conseguiu junto ao rei, autorização para a construção de uma praça circular, rodeada por 39 novos edifícios, de estilo clássico.
O projeto encomendado para o principal arquiteto do rei, Jules Hardouim Mansart (1646-1708), somente foi terminado em 1690.
Enquanto que o monumento em homenagem ao rei Luís XIV , foi inaugurado em 1686.
A Praça que até esse momento não havia nome, passou ser chamada de Place des Victoires ou Praça das Vitórias.
No centro da praça, havia a estátua do Luís XIV vestido com o manto da sua coroação, esmagando um cérbero (monstro de quatro cabeças da mitologia grega, representando as quatro nações), coroado por pela alegoria da vitória.
O pedestal decorado com baixos-relevos e medalhões, cercado por “Os quatro Cativos”, também conhecidos como as “As Quatro Nações vencidas: Espanha, Holanda, o Sacro-Império, Brandemburgo“.
A estátua de bronze dourada do rei foi derretida durante a Revolução Francesa (1792), enquanto que os baixos-relevos de bronze que adornavam o pedestal, assim como as estátuas dos Quatro cativos escaparam milagrosamente da loucura destrutiva dos revolucionários, pois foram vistos como vítimas do poder absoluto, foram poupados e as correntes que os prendiam foram quebradas.
Quatro nações derrotadas.
As grandes figuras de bronze dos Quatro Cativos simbolizam as Quatro nações derrotadas nos tratados de Nimega (1679).
Cada um representa uma idade do homem e uma sensação distinta de cativeiro.
A Espanha é um jovem sem pelos com longos cabelos de fogo. O corpo nu e endireitado, o rosto e os olhos erguidos para o céu. É o simbolo da esperança.
O Sacro Império Romano-Germânico é um velho barbudo, vestido com uma túnica da antiguidade, com a cabeça abaixada, e corpo curvado. É o simbolo da resignação.
A Holanda é um homem ainda jovem, com traços masculinos e barba curta. O corpo nu pronto para se rebelar, o ombro levado adiante em uma atitude desafiadora e o rosto feroz. É o simbolo da revolta.
Brandeburgo é um homem maduro, vestido como um bárbaro antigo. A mão direita segurando o casaco, ombro flácido, o rosto contraído expressando dor. É o simbolo do desânimo.
A orientação dos Cativos para a direita estimula o observador a fazer uma rotação ao redor do pedestal no sentido horário.
Desjardins sabia como diversificar as figuras, alternando personagens jovens e velhos, nus e vestidos, endireitados ou curvados, e variando as posturas das pernas e braços.
Troféus.
O tema dos cativos foi muito difundido na arte romana. Os troféus que La Feuillade pediu para que fosse acrescentado em 1685, como capacetes, escudos, placas, vigas, alabardas, remos … reforçam a analogia aos antigos triunfos romanos.
O pedestal dos Quatro cativos e troféus foram levado para o Louvre em 1792, depois para os Inválidos entre 1804 a 1962, em seguida para parque de Sceaux, voltando para o Louvre em 1992, para o departamento de esculturas francesa, no pátio Puget.
Quer ler outros artigos sobre o Louvre? Clique aqui
Vai viajar e precisa de dicas sobre Paris? Clique aqui.
Quer saber como viajar barato pela França? Clique aqui.
Permalink
Muito bom, essa história não conhecia , adorei saber. Ah, sim, meu tempo de leitura foi de 3 minutos, voltando a reler alguns trechinhos, marquei só por curiosidade, pq sei que leio rápido … rsrsrsrs
Permalink
Gosto muito de compartilhar destas informações históricas, principalmente, porque trabalhei como diretora de Museus e minha preferencia era ao Museu Histórico.
Suas referencias históricas sobre estas peças do Museu do Louvre, irão auxiliar a todos quando em visita, pois estarão mais esclarecidas e atentas aos mínimos detalhes.
Obrigada pela dedicação
Permalink
Obrigado Marly pelo seu simpático comentário!
Escrever sobre obras do Louvre é um prazer e ao mesmo tempo um desafio, pois são tantos detalhes que é necessário sim um estudo mais aprofundado para descobrir intenções e significados que o autor da obra quis nos mostrar. Abraços!