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Estátua de forma humana a mais antiga do Louvre (ou Aïn Ghazal, estátua antropomórfica) em gesso, que nos fixa com seus grandes olhos de pupilas pretas, é considerada uma das mais antigas do Oriente Médio, da época Neolítica ou da Pedra Polida, de aproximadamente 7.000 a. C., e até o momento é a mais antiga em exposição no Museu do Louvre.
A História:
Em 1985, durante a construção de uma auto-estrada que ligava a cidade de Amã, (capital da Jordânia), e a Damasco, (capital da Síria) foi descoberta essa estátua do Louvre, com outras do mesmo estilo, pelos arqueólogos e antropólogos, Gary Rollefson et Zeidan Kafafi, no sítio arqueológico Aïn Ghazal, na Jordânia.
Cerca de 30 estátuas monumentais de quase 1 metro, que devido a fragilidade do gesso, e o tempo que ficaram soterradas, foram retiradas do local em forma de blocos, e enviadas para o Laboratório Analítico de Conservação do Instituto Smithsonian em Washington (EUA), para serem restauradas.
Um trabalho minucioso que durou 11 anos (1985 a 1996). Os técnicos do laboratório tiveram que substituir a estrutura interna das estátuas, que estavam quebradas, por terem sido feitas de cordas e tranças fibras vegetais, por uma estrutura moderna e invisível.
E assim todas as estátuas que foram para os E.U.A. voltaram a ficar em pé novamente, apresentáveis para o mundo inteiro.
Voltaram quase todas para o Museu de antiguidades da Jordânia, em Amã, onde estão expostas atualmente.
Com exceção da Estátua de forma humana, a mais antiga do Louvre, emprestada em 1997, por trinta anos renováveis, para o museu, em troca da restauração de um outro monumento na cidade de Gérasa, na Jordânia.
A Estátua:
A estátua de de forma humana do Louvre não possui nem braços, nem órgãos genitais. O pescoço é muito comprido. Ao contrário do corpo, o rosto é tratado com cuidado. É bem expressivo com olhos amendoados, claramente pintado em betume preto, que parecem nos encarar.
A superfície de gesso, atualmente rachada, deve ter sido trabalhada com uma espátula e dedos. Um pigmento vermelho, incorporado na última camada de gesso, deu um tom rosada para estátua. Colocada com a intenção de imitar a pele humana.
O crânio feito grosseiramente deveria ter tido uma peruca. A forma do corpo é simplificada e desproporcional. As pernas são grossas e curtas, e possui uma silhueta indefinida, mas deveria estar vestida.
Segundo o antropólogo, Gary Rollefson, numa sociedade que ainda não se usava a escrita é possível que nessa época em Aïn Ghazal houvesse um culto a antigos fundadores de clãs, e a estátua simularia a presença do falecido.
Uma lugar secreto:
Hoje, a mais velha Estátua do Louvre, se encontra um pouco escondida, e meio abandonada no departamento de antiguidades orientais: “Levant – Palestine et Transjordanie, des origines à l’âge du fer”, na ala Sully, nível térreo, sala 303, onde poucos chegam até ele.
Pessoalmente acho que a estátua mereceria um lugar mais privilegiado, visto que percorreu milhares de anos para nos ser apresentada. Mas talvez por sua fragilidade, a direção do Louvre preferiu escondê-la do grande público, agora quem ler esse artigo espero que o encontre.
Museu da Jordânia, em Amã.
Alguns exemplares encontrados em ‘Ain Ghazal, na Jordânia, eram bicéfalos, ou seja um mesmo corpo, com duas cabeças.
Essa estátua abaixo e muitas outras consideradas as mais antigas feitas pelo homem, se encontram no Museu da Jordânia, em Amã.
Localização no Louvre:
Departamento das Antiguidades Orientais.
Ala Sully, nível térreo, sala 303, vitrine 8.
Gostaria de conhecer comigo o Louvre? Clique no botão abaixo para mais informações ou no botão do Whatsapp para um contato mais dinâmico. Até breve! Tom Pavesi!
Fontes:
- “La statue d’Aïn Ghazal”, no site France Culture.
- “Louvre: une statue anthropomorphe du septième millénaire”, no site Archeologie Over.
- “Neolithic Statues from Ain Ghazal: Construction and Form”, por Carol A. Grissom (publicado na revista Archaeological Institute of America, volume 1).
- “Ain Ghazal”, no site Wikipédia em francês e inglês.
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QUE MARAVILHA TOM ADOREI
COM CERTEZA IREI VE LA NA PROXIMA VISITA AO LOUVRE
AGRADEÇO POR DIVIDIR CONOSCO SUAS PESQUIZAS TAO MINUCIOSAS .
ABS DE NEUSA E SILVIO
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Muito interessante a figura de um homem, mais antiga. É importante que seja remanejada para a exposição permanente do Museu do Louvre. Pretendo ve-la na próxima vez que voltar a Paris .Obrigada Tom, pela contribuição
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Amei saber que tem uma das estátuas no Louvre. Quero conhecê-la na minha proxima ida. Conheci a historia da descoberta, mas nao sabia que tinha uma no Louvre.
Parabéns!
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Uma vez mais,sou presenteada com um excelente artigo. Muito haverá para investigar, o que seria interessante um artigo acerca da génese desta obra.
Muito obrigada pela partilha! Aprendo sempre um pouco mais.
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Merci Daniela! Abraços!
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Muito obrigada por mostrar essa preciosidade! Quando for ao Louvre certamente irei visita- la. Um abraço!
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Caro Tom,
Mais uma vez agradeço por compartilhar seus valiosos conhecimentos.
Certamente vale a pena ver de perto.
Forte accolade
Victor
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Seus artigos continuam excelentes, informativos, bem ilustrados e interessantes pelos assuntos e pelas narrativas. Sou leitor assíduo e grato pelos conhecimentos e distrações que nos proporcionam. Obrigado, um abraço e muito sucesso aí em Paris!
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Obrigado Luiz. Fico feliz que seja uma leitor assíduo.Abraços!
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Excelente artigo, como sempre.
Obrigada e grande abraço.
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Eu estive no Louvre em junho de 2022 e busquei e encontrei a estátua de Ain Ghazal. Em muito, graças a suas dicas. Assim como também a Dama de Auxerre. Itens maravilhosos e de importância histórica impar, porém bem menos conhecidos. Agora só penso em retornar lá. Muitíssimo grato.