Estátua de forma humana a mais antiga do Louvre

Estátua de forma humana a mais antiga do Louvre

Tempo de leitura: 4 minutos

Estátua de forma humana a mais antiga do Louvre (ou Aïn Ghazal, estátua antropomórfica) em gesso, que nos fixa com seus grandes olhos de pupilas pretas, é considerada uma das mais antigas do Oriente Médio, da época Neolítica ou da Pedra Polida, de aproximadamente 7.000 a. C., e até o momento é a mais antiga em exposição no Museu do Louvre.

A História:

Em 1985, durante a construção de uma auto-estrada que ligava a cidade de Amã, (capital da Jordânia), e a Damasco, (capital da Síria) foi descoberta essa estátua do Louvre, com outras do mesmo estilo, pelos arqueólogos e antropólogos, Gary Rollefson et Zeidan Kafafi, no sítio arqueológico Aïn Ghazal, na Jordânia.

Estátua de forma humana a mais antiga do Louvre
Estátua de forma humana, a mais antiga do Louvre.

Cerca de 30 estátuas monumentais de quase 1 metro, que devido a fragilidade do gesso, e o tempo que ficaram soterradas, foram retiradas do local em forma de blocos, e enviadas para o Laboratório Analítico de Conservação do Instituto Smithsonian em Washington (EUA), para serem restauradas.

Estátua de forma humana a mais antiga do Louvre
Chegada das estatuas, no Instituto Smithsonian em Washington (EUA).

Um trabalho minucioso que durou 11 anos (1985 a 1996). Os técnicos do laboratório tiveram que substituir a estrutura interna das estátuas, que estavam quebradas, por terem sido feitas de cordas e tranças fibras vegetais, por uma estrutura moderna e invisível.

Restauração no Instituto Smithsonian em Washington (EUA).

E assim todas as estátuas que foram para os E.U.A. voltaram a ficar em pé novamente, apresentáveis para o mundo inteiro.

Voltaram quase todas para o Museu de antiguidades da Jordânia, em Amã, onde estão expostas atualmente.

Estátua de forma humana, a mais antiga do Louvre
Museu de antiguidades da Jordânia, na cidade de Amã.

Com exceção da Estátua de forma humana, a mais antiga do Louvre, emprestada em 1997, por trinta anos renováveis, para o museu, em troca da restauração de um outro monumento na cidade de Gérasa, na Jordânia.

A Estátua:

A estátua de de forma humana do Louvre não possui nem braços, nem órgãos genitais. O pescoço é muito comprido. Ao contrário do corpo, o rosto é tratado com cuidado. É bem expressivo com olhos amendoados, claramente pintado em betume preto, que parecem nos encarar.

Estátua de forma humana a mais antiga do Louvre
Estátua de forma humana, a mais antiga do Louvre.

A superfície de gesso, atualmente rachada, deve ter sido trabalhada com uma espátula e dedos. Um pigmento vermelho, incorporado na última camada de gesso, deu um tom rosada para estátua. Colocada com a intenção de imitar a pele humana.

Estátua de forma humana, a mais antiga do Louvre
Detalhe olhos e cabeça da estátua mais antiga do Louvre.

O crânio feito grosseiramente deveria ter tido uma peruca. A forma do corpo é simplificada e desproporcional. As pernas são grossas e curtas, e possui uma silhueta indefinida, mas deveria estar vestida.

Segundo o antropólogo, Gary Rollefson, numa sociedade que ainda não se usava a escrita é possível que nessa época em Aïn Ghazal houvesse um culto a antigos fundadores de clãs, e a estátua simularia a presença do falecido.

Uma lugar secreto:

Hoje, a mais velha Estátua do Louvre, se encontra um pouco escondida, e meio abandonada no departamento de antiguidades orientais: “Levant – Palestine et Transjordanie, des origines à l’âge du fer”, na ala Sully, nível térreo, sala 303, onde poucos chegam até ele.

Pessoalmente acho que a estátua mereceria um lugar mais privilegiado, visto que percorreu milhares de anos para nos ser apresentada. Mas talvez por sua fragilidade, a direção do Louvre preferiu escondê-la do grande público, agora quem ler esse artigo espero que o encontre.

Estátua de forma humana, a mais antiga do Louvre
Estátua de forma humana, a mais antiga do Louvre. Ala Sully, sala 303.

Museu da Jordânia, em Amã.

Alguns exemplares encontrados em ‘Ain Ghazal, na Jordânia, eram bicéfalos, ou seja um mesmo corpo, com duas cabeças.

Essa estátua abaixo e muitas outras consideradas as mais antigas feitas pelo homem, se encontram no Museu da Jordânia, em Amã.

Estátua de forma humana, a mais antiga do Louvre
Estátua em forma de homem, bicéfalos, Museu da Jordânia.

Localização no Louvre:

Departamento das Antiguidades Orientais.

Ala Sully, nível térreo, sala 303, vitrine 8.

“Estátua de forma humana”. Ala Sully, nível térreo, sala 303, vitrine 8.

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Fontes:

  • “La statue d’Aïn Ghazal”, no site France Culture.
  •  “Louvre: une statue anthropomorphe du septième millénaire”, no site Archeologie Over.
  • Neolithic Statues from Ain Ghazal: Construction and Form”, por Carol A. Grissom (publicado na revista Archaeological Institute of America, volume 1).
  • “Ain Ghazal”, no site Wikipédia em francês e inglês.

11 Comentários


  1. QUE MARAVILHA TOM ADOREI
    COM CERTEZA IREI VE LA NA PROXIMA VISITA AO LOUVRE
    AGRADEÇO POR DIVIDIR CONOSCO SUAS PESQUIZAS TAO MINUCIOSAS .
    ABS DE NEUSA E SILVIO

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  2. Muito interessante a figura de um homem, mais antiga. É importante que seja remanejada para a exposição permanente do Museu do Louvre. Pretendo ve-la na próxima vez que voltar a Paris .Obrigada Tom, pela contribuição

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  3. Amei saber que tem uma das estátuas no Louvre. Quero conhecê-la na minha proxima ida. Conheci a historia da descoberta, mas nao sabia que tinha uma no Louvre.
    Parabéns!

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  4. Uma vez mais,sou presenteada com um excelente artigo. Muito haverá para investigar, o que seria interessante um artigo acerca da génese desta obra.
    Muito obrigada pela partilha! Aprendo sempre um pouco mais.

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  5. Muito obrigada por mostrar essa preciosidade! Quando for ao Louvre certamente irei visita- la. Um abraço!

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  6. Caro Tom,
    Mais uma vez agradeço por compartilhar seus valiosos conhecimentos.
    Certamente vale a pena ver de perto.
    Forte accolade
    Victor

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  7. Seus artigos continuam excelentes, informativos, bem ilustrados e interessantes pelos assuntos e pelas narrativas. Sou leitor assíduo e grato pelos conhecimentos e distrações que nos proporcionam. Obrigado, um abraço e muito sucesso aí em Paris!

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  8. Excelente artigo, como sempre.
    Obrigada e grande abraço.

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  9. Eu estive no Louvre em junho de 2022 e busquei e encontrei a estátua de Ain Ghazal. Em muito, graças a suas dicas. Assim como também a Dama de Auxerre. Itens maravilhosos e de importância histórica impar, porém bem menos conhecidos. Agora só penso em retornar lá. Muitíssimo grato.

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