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“Penteadeira de toalete da Duquesa de Berry” (Título original: “Table de toilette de la duchesse de Berry”) foi realizada em 1819 pelo designer de móveis Nicolas-Henri Jacob (1782-1871) para famosa loja, “L’Escalier de Cristal” (1804-1823) de Marie Désarnaud (1775-1842) que propunha objetos como: pêndulos, lustres, vasos… e, móveis associados ao cristal e ao bronze dourado.
O conjunto foi apresentado por Marie Désarnaud na Exposição de Produtos da Indústria Francesa em 1819 onde ganhou a medalha de ouro. No mesmo período o estilo tornou-se moda nos reinados de Luís XVIII (1814/1815-1824) e Carlos X (1824-1830), conhecido como “Estilo Restauração”.
O vidro em cristal progrediu muito com a Restauração, várias fábricas contribuíram para isso: “Saint-Louis”, “Baccarat” e “Creusot”. A divulgação desses objetos foram confiados principalmente a empreendedores e inovadores da época, como a Madame Désarnaud.
Ela foi a primeira a executar móveis de cristal. Os cristais foram-lhe fornecidos por Aimé-Gabriel d’Artigues (1773-1848), diretor da manufatura de Vonèche na Bélgica e também a partir de 1816 da cristaleria de Baccarat. Madame Désarnaux mandou cortá-los e montá-los em suas oficinas “L’Escalier de Cristal” no Palácio Real, em Paris.
História da obra:
Em 1818, Charles-Ferdinand d’Artois (1778-1820), Duque de Berry, filho do futuro rei Carlos X (1824-1830) dois anos após casar-se com Marie Caroline Ferdinande Louise de Bourbon, princesa des Deux-Siciles (1798-1870), conhecida como Duquesa de Berry comprou o Castelo de Rosny-sur-Seine para sua jovem esposa para viverem juntos momentos de paz e tranquilidade, longe dos conflitos e perigos em que passavam em Paris por causa da volta da monarquia na França pelo seu tio e rei Luís XVIII (1814/1815-1824).
A Duquesa de Berry, dois anos após a morte do seu marido, assassinado em 1820 (como ele temia) comprou o famoso conjunto de Marie Desarnaud composto de uma penteadeira de toalete em cristal e uma cadeira para decorar seu castelo.
Após a segunda revolução francesa, 27, 28 e 29 de julho de 1830 ( As três Gloriosas) e a renúncia do rei Carlos X ao trono, a Duquesa de Berry seguiu-o para o exilio.
Em 1836, seu Castelo de Rosny-sur-Seine foi vendido e os móveis enviados para sua residência na Áustria. Endividada depois da morte do seu segundo marido, Hector Lucchesi-Palli (1833-1864), pediu ajuda ao seu filho, Henrique d’Artois (1820-1883), Conde de Chambord, último descende dos Bourbons, que condicionou uma ajuda financeira obrigando-a reduzir seu estilo de vida ostentoso vendendo a maior parte de suas joias, móveis e mesas.
A Duquesa de Berry morreu aos 71 anos, em 16 de abril de 1870, no Castelo de Brünnsee, na Áustria.
Descrição:
A mesa é composta por uma armação de ferro revestido com placas de cristal lapidado decorada por pontas de diamante, com anéis e frisos fixada em moldes de bronze dourado.
A única exceção é o tampo de vidro pintado na técnica “églomisée”, em fundo azul sobre o qual se destaca no centro uma decoração preta e dourada ao centro por uma rosácea entre duas palmetas circundada por uma borda de folhas de acanto.
No seu contorno, há dezesseis placas de cristal, nove das quais são pequenas placas quadradas decoradas com uma rosácea, que marcam as duas extremidades de cada lado e o centro da face posterior.
A mesa possui uma única gaveta central revestida por uma placa de vidro no seu verso e no fundo. Antigamente uma mecanismo musical que era acionado quando a gaveta era aberto, hoje desativado.
Cada um dos dois pés é constituído por três elementos apoiados sobre uma base retangular revestidos por seis placas em cristal. Duas pontas ornadas com cabeças de golfinho e um balaústre central, ladeado no topo por duas rosáceas. Dois arcos do cupido estão amarrados por uma fita em bronze formam o grande espaçador sob o tampo.
Acima da mesa, um espelho oval de dupla face basculante adornado com duas conchas em cristal, entre dois candelabros triplos que enlaçam as divindades da mitologia romana, Flora (fertilidade) e Zéfiro (bons ventos) coroados de flores, seguram uma coroa de louros.
Localização da obra:
Departamento de Obras de Arte da Idade Média, Renascimento e Tempos Modernos.
Ala Richelieu, nível 1, sala 556.
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Fontes:
- “Table de toilette de la duchesse de Berry”, no site do Museu do Louvre.
- “Baccarat : la légende du cristal”, catálogo de exposição (15 de outubro de 2014 a 4 de janeiro de 2015) no Petit Palais, Museu das belas-artes da cidade de Paris.
- “La duchesse de Berry : une rebelle chez les Bourbons”, documentário na France TV, apresentado por Stéphane Bern.
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Só uma palavra para essa penteadeira: esplêndida!
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Obrigada, Tom, amei essa Penteadeira tão delicada, leve das confeccionadas em madeira, que têm um aspecto mais pesado.
Gosto muito dos móveis antigos. Tive oportunidade de visitar no Louvre, na semana que os móveis podem ser vistos abertos, muitas escrivaninhas e seus esconderijos secretos! Amei!!!!!
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Tom, obrigada pelas excelentes informações sobre o Louvre.
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Tom,
Fantástica a penteadeira, grande riqueza de detalhes
Obrigado mais uma vez amigo, por nos presentear com tamanha obra de arte.
Cordialmente
Forte abraço
Victor
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Que maravilha !
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Lindíssima
Obrigada
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Que formosa penteadeira! obrigada por mais essa ótima informação, histórica e artística. Muita saúde para você continuar o seu excelente trabalho.