Voltaire nu

Voltaire nu

Tempo de leitura: 5 minutos

“Voltaire nu” que poderia ter sido chamada do: Triunfo do espírito sobre a fragilidade do corpo” é uma escultura em mármore realizada por Jean-Baptiste Pigalle (1714-1785) em 1776. Obra que quando pronta fez um grande escândalo na sociedade época pela abusada representação do filósofo iluminista.

Em 17 de abril de 1770 durante um elegante jantar que contava com alguns representantes da sociedade literária de Paris, entre os quais Denis Diderot (1713-1784) e Jean le Rond d’Alembert (1717-1783), Claude-Adrien Helvétius (1715-1771), barão Von Grimm (1723-1807), entre outros, decidiram que o grande filósofo, poeta, escritor, François Marie Arouet Voltaire (1694-1778) , era merecedor de estátua em mármore por ser considerado como um dos maiores gênios literários da história daquele século.

Voltaire nu ou o Velho Ideal
Voltaire (1736), de M. Quentin de La Tour. Castelo de Ferney (Suíça).

Lançaram então uma subscrição pública de financiamento, onde várias pessoas participaram com contribuições financeiras para a execução da obra. Uma grande parte veio do rei Frederico II da Prússia (1712-1786), grande admirador de Voltaire.

O escultor escolhido foi Jean-Baptiste Pigalle, um dos maiores do seu tempo, e que pela primeira vez na história do estatuário francês, representou uma pessoa renomada ainda viva, até então privilégio dos reis.

Para dar início a obra, Pigalle teve que ir até a cidade de Ferney, na Suíça encontrar com o mestre Voltaire que vivia no exílio. No retorno a Paris trouxe o modelo da cabeça do filósofo, em gesso, que segundo dizem, ficou bem parecida.

Desde o início, sua ideia foi de representar o velho homem na maneira antiga. Foi apoiado e até mesmo incentivado neste projeto por Denis Diderot, que se referiu a uma estátua da antiguidade representando um velho homem nu, Sêneca (4 a.C – 65 d.C.) abrindo suas veias no banho:“Vieux pêcheur, dit Sénèque mourant”, exposto no Louvre, na ala Denon, nível térreo, sala 405.

“Vieux pêcheur, dit Sénèque mourant”. Ala Denon, sala 405, Louvre.

Como Voltaire, Sêneca foi um brilhante literário, filósofo durante o Império Romano, contemporâneo a Jesus Cristo.

Detalhes da obra: “Voltaire nu”

Pigalle represento Voltaire à maneira antiga, sem recorrer ao nu heroico como eram feitas nas esculturas antigas gregas-romanas. Nessa obra: “Voltaire nu ou Velho ideal”, optou por uma representação anatômica verdadeira de um senhor idoso magro, sem qualquer preocupação na idealização do corpo.

Voltaire nu
“Voltaire nu”, de Jean-Baptiste Pigalle. Louvre. Foto: Coyau

Voltaire, a princípio preocupado com o caminho estético tomado Pigalle, finalmente acabou aceitou a proposta, e ainda disse: “Devemos deixar o Sr. Pigalle ser o mestre absoluto da estátua, é um crime, na verdade, das belas artes colocar obstáculos no caminho da gênio”.

Voltaire nu

A cabeça como falei anteriormente foi admiravelmente escupida por Pigalle, no entanto, o corpo foi executado em seu estúdio parisiense de acordo com modelo contratado.

Voltaire nu
Detalhe rosto “Voltaire nu”, de Pigalle. Louvre

Voltaire está nu, sentado em um tronco de árvore, cujas raízes fazem parte da base. Um pano drapeado simples, descuidadamente colocado no braço esquerdo, descobre o corpo naturalmente magro envelhecido, pele flácida,com veias saltitantes e aparentes. A pose é de uma atitude meditativa e voluntária, cheia de nobreza, enquanto segura com uma mão um rolo de papel (pergaminho) e a outra uma caneta, ferramentas necessária para sua arte.

Voltaire nu
Detalhes veias, mãos e pele da escultura: “Voltaire nu”, de Pigalle. Louvre.

Outros atributos literários são reconhecíveis ao seus pés: Máscara de Tália, (Musa da Comédia, na mitologia grega) e a Adaga de Melpômene, (Musa da Tragédia).

Voltaire nu
Detalhe nos pés de “Voltaire nu”, de Pigalle. Louvre.

Essa representação demasiadamente naturalista de Voltaire chocou uma grande parte da população, provocando uma enorme rejeição das pessoas. A obra acabou sendo oferecida a Voltaire que levou para decorar seu castelo na Suíça (Fertey) e esquecida no tempo, e desconhecida do público.

Passou um tempo na família do filósofo, até que seu sobrinho doou em 1807, ao Instituto da France. E em 1962, entrou para as coleções de esculturas francesas do Museu do Louvre.

Em 1781, o escultor Houdon Jean Antoine (1741-1828) recebeu uma encomenda da sobrinha para refazer um nova representação de Voltaire, mas agora bem vestido com o manto do filósofo imortal. Obra que teve uma aprovação geral do público.

Voltaire assis
‘Voltaire sentado”, de Houdon, na biblioteca da Comédie-Française.

Localização no Louvre:

Departamento de esculturas. Século XVII e XVIII.

Ala Richelieu, nível térreo, Pigalle, sala 220.

“Voltaire nu”, de Pigalle. Ala Richelieu, nível térreo, sala 220. Louvre.

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Fonte: site Museu do Louvre. Fotos: Hervé Lewandowski.

6 Comentários


  1. Puxa! Muito obrigada. Que história interessante de que belas esculturas.

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  2. Muito obrigada, suas informações são muito valiosas, quero aprender muito por aqui !

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  3. Admirável a escultura de Pigalle do VOLTAIRE NÚ. Detalhes perfeitos, nos deixam extasiados perante seu magnifico trabalho. VOLTAIRE SENTADO, de Houdon, representa-o já envelhecido, porém rico em detalhes e em VOLTAIRE NÚ, embora velho e esquelético, sua expressão altiva é de um encanto inusitado .
    Valeu Tom Pavesi por mais esta aula.

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  4. Me gusta mucho la escultura de Voltaire, no veo motivo de sorprenderse tanto, esta muy natural, me parece que también la vejez es bella si se lleva con altivez y dignidad .

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