As muitas ricas horas do duque de Berry, mês de outubro

As muitas ricas horas do duque de Berry, mês de outubro

Tempo de leitura: 4 minutos

As muitas ricas horas do duque de Berry, mês de outubro ou “Les très riches heures du duc de Berry, mois de octobre) é uma das páginas de um manuscrito de orações, reflexões e meditações para laicos adaptados para diversos momentos do dia, semana, mês ou do ano.

O manuscrito se encontra na biblioteca do Museu Condé, no Castelo de Chantilly (localizado à cerca de 50 km de Paris). Composto de 206 folhas em forma de pergaminhos, ilustrados em pele de animal por uma técnica de pintura decorativa chamada ILUMINURA, desenhos em miniaturas coloridos, mas que na maioria das vezes foram feitas em ouro e prata.

“Les très riches heures du duc de Berry”, mois de octobre.
Coleção: Museu Condé no Castelo de Chantilly.

As muitas ricas horas do duque de Berry foi encomendada em 1410-1411, pelo duque de Berry aos irmãos Limbourg (Jean, Hermann e Paul) que morreram de peste em 1416, sem terminá-lo.

Trabalhado em 1440 por um artista desconhecido ou segundo alguns historiadores por Barthélemy d’Eyck, foi finalizado em 1485-1486 pelo pintor Jean Colombe.

Adquirido em 1856, por Henrique de Orléans (1822-1897), duque de Aumale, filho do rei Luís Filipe (1779-1850) que deixou como legado para o Museu Condé que se encontra dentro do Castelo de Chantilly, onde nunca poderá sair.

Análise da página de outubro:

Na página relativa ao mês de outubro, no 1° plano, a direita, vemos um camponês semeando a terra, e nas suas costas a esquerda, pássaros e corvos próximo a um saco de sementes e de uma mochila, picotando os grãos espalhados pelo chão.

Acima dos corvos, um outro camponês mas agora a cavalo, puxando um instrumento agrícola com dentes de madeira, pressionado por uma pedra, para obter uma melhor penetração das sementes, no solo.

Les très riches heures du duc de Berry”, mois de octobre.

Logo atrás vemos um espantalho arqueiro armado encenando atirar junto a um terreno cercado por fios de arames, com penas de aves penduradas, com objetivo de proteger a colheita contra ataques de outros predadores.

Mais acima vemos uma parte da muralha fortificada do rei Carlos V, (1364-1380) cercando o Palácio, com três torres circulares, e duas guaritas defensivas militares retangulares (“brechetes”).

Abaixo desta muralha vemos algumas pessoas, caminhando, conversando, e uma única pessoa saindo por uma pequena passagem de acesso para o interior do Palácio.

Passagem de entrada para o Palácio do Louvre, frente ao rio Sena.

Atrás da muralha, a alta torre central de 32 metros, (“donjon”) coberta por um telhado cônico, que abrigava o tesouro real, rodeada a leste (lado na sombra), por duas grandes torres circulares, a “Torre da Taillerie”, e a “Torre da Capela”, no centro do muro, duas torres gêmeas semicirculares, que serviam como o acesso principal ao Palácio do Louvre, mas que não podemos ver.

Na fachada sul, (virada para o rio Sena), vemos outra torre circular no ângulo sudoeste (bem a nossa esquerda), e duas outras torres semicirculares de acesso secundário ao Palácio.

Vestígios do Louvre Medieval. Ala Sully.

Muitos historiadores, conservadores, arqueólogos o consideravam o a Fortaleza do Louvre, de Filipe Augusto (1180-1223) e Palácio de Carlos V (1364-1380) perdidos para sempre, mas, em 1984-1985, durante as escavações para construção do Grande Louvre, do arquiteto Ieoh MING PEI, os vestígios antes enterrados, ressurgiram no subsolo do centro da atual “Cour Carré” do Louvre.

Após recuperação das suas pedras e partes das fundações das muralhas medievais foi inaugurada ao público, em 1989, juntamente com a Pirâmide de vidro.

Graças a esta descoberta fantástica, e o único desenho “As muitas ricas horas do duque de Berry”, mês de outubro”, hoje podemos aprender e entender um pouco mais sobre a história deste imenso museu, nestes períodos de guerras e agitações sócio-políticos, e sobre o desenvolvimento urbano e arquitetônico da cidade de Paris.

Essa imagem do mês de outubro é tão importante que serviu como base para artistas, desenhistas digitais, e historiadores a recriarem o Louvre Medieval em imagens 3D, em exposição no Pavilhão do Relógio (Pavillon du Horloge), entrada pela ala Sully.

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Coleção: Museu Condé no Castelo de Chantilly

1 comentário


  1. Fantástica explicação dessa parte da história da França!
    Visitei o Louvre Medieval logo após a inauguração da pirâmide de vidro. Até hoje recomendo a visita a alunos e amigos que vão a Paris. Adorei conhecer a página de outubro.
    Obrigada Tom Pavesi por mais esta publicação.

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