Arte Grega até o Período Romano

Arte Grega até o Período Romano

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Arte Grega até o Período Romano podemos dizer que abrange as manifestações artísticas com início na Grécia antiga (Seculo X a.C.), até ser absorvida pela civilização romana no final do século I a.C.

Arte Grega está relacionada diretamente com as regiões que somente se falavam o grego, numa mistura de vários povos ou tribos, nômades de origem indo-europeia que tinham em comum a língua e as crenças.

Existiam quatro grupos étnicos localizados na península Balcânica que podemos dizer que são os responsáveis pelo surgimento do povo grego ou helênico como gostavam de serem chamados: os Micênicos (ou Aqueus 2.000 a.C), onde surgiu a mitologia grega, (Zeus como deus supremo), Eólios (1700 a.C), os Jônios (1500 a.C), e os Dórios (1200 a.C.).

Foram com esses grupo étnicos que a partir do século XI a.C. ocorreram as trocas comerciais, as viagens de descobertas, conquistas e guerras, e todo um conhecimento filosófico, literário, democrático e artístico se espalharam por várias cidades da Ásia Menor, Síria, e Egito.

Podemos afirmar que o legado deixado pela cultura grega foi a base para a formação da cultura ocidental.

Características da Arte Grega

A arte grega descrita nos três períodos mais conhecidos; arcaico, clássico e helenístico procura nos contar os pormenores da sua história, retratos do dia a dia de suas civilizações, de suas crenças, e de seus deuses mitológicos, contadas através das esculturas, pintura e arquitetura.

Na escultura, os artistas gregos buscavam a máxima aproximação com o real, especialmente nas figuras humanas, salientando os músculos, os nervos, veias e tudo mais que pudesse conferir realismo as obras.

Os temas frequentemente envolviam objetivos religiosos como a representação de deuses e deusas esculpidos em mármore. As representações de figuras masculinas são em sua grande maioria nus, já as figuras femininas exibem um impressionante dobras nas vestes.

Na pintura encontramos vasos em cerâmicas em fundos pretos ou brancos, pintados em dourado ou em vermelho. São realistas e antropocêntricas, com representações de figuras humanas, cenas cotidianas, batalhas, deuses mitológicos, dentre outros.

A arquitetura era principalmente de caráter público, ou seja, os edifícios construídos em blocos de pedras e mármore eram feitos para contemplar diversos tipos de eventos: político, social, econômico, religioso, lazer.

Com a evolução natural das esculturas, o templo também evolui a partir do século VI a.C. para três tipos de estilos, chamado de Ordens: Ordem Dórica (simplicidade e rigidez), Ordem Jônica (mais detalhada, e sensação de leveza), e Ordem Coríntia (com mais requintes e detalhes decorativa).

A habitações da população em geral, eram simples, de pedras e tijolos de barro, sem grandes requintes e preocupações com o estilo.

Período Arcaico (680 a 483 a.C):

No período arcaico, as esculturas eram de pedra, madeira e terracota, posteriormente em gesso.

Os movimentos e as expressões não eram ainda tão explorados pelos artistas. Basicamente as esculturas eram duras, eretas, sem movimento, colocadas nas paredes dos edifícios públicos, causando um efeito de volume e profundidade.

Possuíam dois modelos básicos:

1 – “kouros” (ou Couros): Representação masculina de um jovem nu, com um sorriso tipico e cabelos longos frisados. Exemplo:

Jovem homem nu, (Kouros ou Couros). Cerca de 540 a.C.

Departamento de antiguidades gregas, etruscas e romanas. Escultura em mármore, altura 1,03 m, atualmente em exposição no Museu do Louvre-Lens.

Kouros (540 a.C.), escultura de mármore. Museu do Louvre-Lens

2 – “Koré” (ou Corè): Representação de jovens virgens vestidas sensualmente, com túnicas drapeadas. Exemplo:

Mulher Acefálica (Koré ou Corè). De 570 a.C. a 560 a.C.

Departamento de antiguidades gregas, etruscas e romanas.Escultura em mármore, altura 1,92 m, ala Sully, entressolo, sala 170.

Mulher Acefálica (Koré ou Corè). Museu do Louvre.

Essas figuras simples respeitam as regras da proporção, da simetria, são estáticas e possuem detalhes anatômicos.

A arquitetura Grega no período arcaico responde a uma estrutura simples constituída de um edifício simples, de planta retangular, telhado com duas águas, duas colunas na entrada, e uma parte interior dividida em três salas, ou três naves.

Uma busca constante pela simetria, uma harmonia universal na construção, beleza plástica e um conjunto baseado na filosofia entre o homem e o divino, o mundo e sua origem, vida e morte.

Período Clássico (483 a 338 a.C.):

Se passa praticamente em Atenas a partir de 483 a.C. terminando em 338, um pouco antes da morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C.

Verdadeira idade de ouro da civilização grega, esta época é caracterizada pela hegemonia de Atenas e por um extraordinário desenvolvimento da produção artística.

Muitas obras são realizadas sob a administração politica de Péricles, (495 – 429 a.C.) sendo considerada sua maior obra, a reconstrução da Acrópole de Atenas, que havia sido saqueada pelos persas em 480 a.C.

Principais escultures deste período: Policleto, (ativo entre 480 a 410 a.c); Fídias, (480 a 430 a.C.), e Praxiteles (395 a 295 a.C.).

A arte grega clássica foi uma arte racional, a expressão da comunidade, do homem e do cidadão. Conseguiu aliar estética e ética, política e religião, técnica e ciência, realismo e idealismo, beleza e funcionalidade, servindo a vida pública.

A escultura chegou no seu apogeu com a aproximação do realismo, numa evolução notória na busca da perfeição, beleza, serenidade, proporcionalidade ganhando movimentos e expressões.

Musculatura rígida com intensidade dramáticas, no corpo e nos olhares, modelos com variadas idades de vida, posição das pernas e braços com movimentos, a proporção da altura da cabeça agora é 1/7 parte, da altura do corpo, (antes no período arcaico era de 1/8).

A escultura, pode ser uma representação de uma entidade real ou imaginária, com volume e profundidade, conhecida na arte como, relevo (ou relief), onde a obra trabalhada se destaca do seu suporte, que serve como fundo, em três formas:

1 – Baixo relevo (ou bas-relief),

Onde a imagem se sobressai muito pouco do fundo da parede que serve como suporte. Exemplo:

A Placa das Ergastinas (445 a.C. e 438 a.C.).

Departamento de Antiguidades gregas, etrusca e romanas. Placa em mármore, em baixo-relevo, do Pártenon, Grécia, altura 0,96 m. ; largura: 2,07 m. ; Espessura. : 0,12 m. Ala Denon, nível 0, sala 347 , sala de Diane.

Placa das Ergastinas. Museu do Louvre.

2 – Alto relevo (ou haut-relief):

A imagem é praticamente em três dimensões, mas ainda se encontra colada a seu suporte de fundo. Exemplo:

Centauro atacando uma mulher Lapithe (447 a.C. e 440 a.C.).

Departamento de Antiguidades gregas, etrusca e romanas. Métope em mármore, do Partenon, na Grécia. Ala Denon, nível 0, sala 347 , sala de Diane.

Centauro atacando uma mulher Lapithe. Museu do Louvre.

3 – Escultura de Vulto (ou Ronde-Bosse):

A escultura é em três dimensões e diferentemente do baixo-relevo e do alto-relevo, ela está somente apoiada numa base sólida, para poder ser vista por todos os ângulos, frente, costas, e laterais. Exemplo: Vênus de Milo, que veremos mais abaixo:

Período Helenístico (338 a 31 a.C.):

Foi o período onde vemos o domínio das novas técnicas construtivas que a escultura ficou mais impressionante expressando uma realidade exacerbada e plenos de movimentos.

Com as expansões territoriais gregas povoando cidades na Ásia Menor, Síria, e Egito deu origem ao nascimento das classes elitistas, dos altos funcionários, dos ricos governantes desejosos de embelezar suas propriedades que se aproveitaram das trocas culturais para expandir essa arte por todo o Mediterrâneo.

Não é muito fácil separar o período clássico do Helenístico que terminou pelas conquistas Romanas no Egito. Mas o que podemos ver é que no Helenístico, as esculturas são mais reais, as vestes com dobras transparentes, imitação da barba, músculos, ossos, traços nos rostos…

Vênus de Milo(Cerca de 120 a.C. a 100 a.C).

Escultura em mármore. Altura 2.02 m. Departamento de Antiguidades gregas, etrusca e romanas. Escultura em mármore, ala Sully, nível térreo, sala 346 ou sala da Vênus de Milo.

Vênus de Milo. Museu do Louvre

De alguma forma, os escultores desse período procuravam dar vida a escultura, criando contrastes nas vestimentas e nos movimentos como fortes torções nos joelhos, nos ombros, quadril… Ao contrário da harmonia e rigidez, do período clássico.

Ver artigo sobre a Vênus de Milo, clicando aqui.

Vitória de Samotrácia(Cerca de 220 a 185 a.C.).

Escultura em mármore branco da ilha de Paros (Grécia). Altura: 3.22 m.

Departamento de Antiguidades gregas, etruscas e romanas. Ala Denon, nível 1 , escadaria Daru , sala 703.

Vitória de Samotrácia. Museu do Louvre.

Misturam-se também nas obras, variadas visões religiosas, filosóficas e científicas. Foi neste período que se conheceu a ascensão da matemática e da física, (com Euclides e Arquimedes), o desenvolvimento da astronomia, da medicina, da geografia e da gramática e o apogeu da Literatura.

Com a morte de Alexandre, o grande ( 356 a.C. – 323 a.C.), o império é dividido entre seus generais, e sucessores, e a consequentemente a situação politica degenerou-se e a Grécia perdeu grande parte da sua criatividade.

Ver artigo sobre a Vitória de Samotrácia, clicando aqui.

Período Romano (31 a.C. a 476):

Em 31 a.C. , a batalha de Áccio (Grécia), marca a queda do mundo grego e anuncia a supremacia política e econômica de Roma.

No entanto, além da civilização que deu origem a ela, a arte grega tem sido desde então uma fonte de inspiração para os artistas. Desde a sua apropriação imediata pelos romanos, o modelo artístico da antiguidade grega se estabeleceu como referência universal do arte ocidental.

Agora não é justo considerar que a arte Romana é uma cópia da arte grega, é claro que existe entre esses dois mundos antigos laços de parentesco.

Mais historicamente foram as trocas econômicas, depois da expansão política e militar do império Romano, no Mediterrâneo que a identidade romana foi constituída.

A arte romana também extrai muito de sua inspiração da história de seu próprio território (era pré-romana de cidades itálicas e do reino etrusco), onde alguns exemplos maravilhosos são preservados: sarcófagos de terracota, trabalhos de ourives, pinturas a fresco nas tumbas, etc …

Para ser mais exato, a arte romana desenvolveu-se em dois períodos que correspondem a dois regimes políticos distintos: a República (509 – 31 a.C.), e o período Imperial (31 a.C. a 476 d.C).

Foi durante o Império que o estatuário romano atingiu seu auge. Os retratos agora são idealizados e as esculturas monumentais decoram os edifícios romanos de maior prestígio, assim como os palácios imperiais ,”domus” (residencias de ricos na cidade) e “villas” (ricas residências nas zonas rurais).

A arte Romana retrata importantes notáveis e políticos da cidade. Famílias encomendam retratos dos seus antecedentes, e os exibem no átrio de suas casas. Exemplo:

Agripa(25 ou 24 a.C).

Escultura em mármore de autor desconhecido. Altura: 0,46 m. Descoberta na antiga cidade de Gabies, próximo a Roma, (Itália).

Departamento de antiguidades gregas, etruscas e romanas. Ala Denon / nível 0 / sala 410.

Agripa.Museu do Louvre.

A partir do período imperial, a escultura é por vezes usada para fins de propaganda, como : celebração de vitórias militares, homenagens a grandes imperadores ou de homens políticos como no exemplo acima: “Agripa”, (ler artigo).

Os temas mitológicos também estão bem presentes no que se refere a estátuas ou monumentos. Exemplo:

Velho Centauro provocado por Eros, deus do Amor (Século II ).

Escultura em mármore de autor desconhecido. Altura: 1,47 m; Comprimento: 1,07 m; e Largura: 0,52 m. Descoberta na antiga cidade de Gabies, próximo a Roma, (Itália).

Departamento de antiguidades gregas, etruscas e romanas. Ala Sully, nível 0, sala 348.

Velho Centauro provocado por Eros, deus do Amor. Museu do Louvre.

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1 comentário


  1. Ler as mensagens aqui postadas é uma verdadeira viagem pela História e pela arte. Fico maravilhada. Já tive oportunidade de visitar o Museu do Louvre diversas vezes, inclusive quando estudei em Paris por três meses (já se vão muitos anos), mas as visitas por mais detalhadas que sejam não possuem a riqueza de informações que este site nos propicia. Sou muito grata por estas publicações. Por favor, continue.

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